O Setor Bancário
Ao realizar investimentos em ações visando ganhos para o longo prazo, um dos critérios de avaliação que o investidor deve levar em consideração é a perenidade das empresas, ou do setor o qual elas estão inseridas. E dentre os setores mais perenes da bolsa, destaca-se o setor bancário.
O setor bancário, além de deter esta característica de perenidade, também pode ser considerado um dos setores mais lucrativos do mercado. E esta lucratividade está diretamente ligada ao grande spread bancário praticado pelos bancos.
Resumidamente, o banco cobra taxas muito maiores, por meio de suas operações de crédito, do que paga via instrumentos de aplicação financeira. Para se ter uma noção, até 2019, o spread bancário do Brasil era o segundo maior do mundo, perdendo apenas para Madagascar, na época. Algo não muito diferente do período atual.
Todavia, este modelo de rentabilidade vem sendo ameaçado com o surgimento das chamadas fintechs, representadas pelos bancos digitais. Estas startups tem apresentado um bom ritmo de crescimento pelo país, trazendo produtos até mais baratos, de maneira geral, a seus clientes, dado o fato de possuírem um modelo de negócio mais enxuto, quando comparado aos bancos tradicionais.
Isto, inclusive, tem levado os chamados “grandes bancos” à buscarem estratégias que reduzam seus custos operacionais, com diminuição do quadro de funcionários e do número de agência físicas, além da ampliação e melhoramento de seus canais digitais.
Contudo, para o futuro poderemos observar um cenário de melhor convergência entre as empresas do setor, sem grandes mudanças de suas características, principalmente no que tange a rentabilidade do sistema bancário como um todo.
Dentre os bancos com ações negociadas em nossa bolsa, destacam-se: Banco ABC (ABCB4), Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4), Santander (SANB11), BTG Pactual (BPAC11), Barisul (BRSR6), Itaú Unibanco (ITUB4), Banco Inter (BIDI4) e Banco Pan (BPAN4).
Abaixo separamos um breve resumo de cada um destes bancos e de seus resultados apresentados no terceiro trimestre de 2020.
BANCO ABC (ABCB4)
O Banco ABC BRASIL é um banco múltiplo, especializado na concessão de crédito e serviços para empresas de médio a grande porte, habilitado a operar nas carteiras Comercial, de Investimentos, Financeira, Crédito Imobiliário e Câmbio, contando ainda com uma agência nas Ilhas Cayman.
A margem financeira bruta do banco apresentou um crescimento de 14,0% entre o 3T19 e 3T20, passando para R$ 301,7 milhões. Já no comparativo trimestral entre 3T20 e 2T20, o acréscimo foi menor, na casa dos 7,1%. Já a margem financeira após as despesas com PDD apresentou retração de 1,4% na comparação anual, dado o crescimento de 118,7% destas despesas.
A carteira de crédito expandida avançou 16,6% anualmente, passando para R$ 32,9 bilhões. No entanto, ao compararmos com o 2T20, detectamos um crescimento em menor ritmo, de carca de 2,7%. Destaque positivo para o crescimento de 22,6% nos últimos doze meses do segmento Middle, atingindo quase R$ 1,5 bilhão. Somente a divisão Large Corporate que apresentou retração, de 3,6%, na comparação anual.
O lucro líquido contábil finalizou atingiu R$ 73,5 milhões, com decréscimo de 43,7% na comparação anual. Porém, na comparação com o segundo trimestre de 2020 houve aumento do lucro, de aproximadamente 19,2%. O retorno sob patrimônio líquido foi de 7,1% no terceiro trimestre (contra 13,3% no mesmo trimestre do ano anterior).
BANCO DO BRASIL (BBAS3)
O Banco do Brasil é um banco controlado pela União Federal, fundado em 1808 e com valor de mercado de cerca de R$ 150 bilhões. Além disso, possui uma carteira de crédito de quase R$ 700 bilhões. Também conta com forte presença no setor de agronegócio, na administração pública e em serviços diversos.
A margem financeira bruta do banco apresentou um acréscimo de 3,4% entre o 3T19 e 3T20, passando para R$ 14,5 bilhões. Já a margem financeira líquida sofreu queda de 11,7% na comparação anual, reflexo novamente do aumento de quase R$ 700 milhões das despesas com PDD, devido ao provisionamento contra risco de crédito.
A carteira de crédito ampliada avançou 6,4% anualmente, passando para R$ 730,9 bilhões. Destaque positivo para o crescimento de 15,2%, na mesma base de comparação, da carteira de micro, pequenas e médias empresas, impulsionada pelos desembolsos na linha de crédito amparada pelo Pronampe. A carteira de pessoa física também apresentou expansão, de 6,2% no comparativo anual.
O lucro finalizou em quase R$ 3,1 bilhões, com decréscimo de 27,5% na comparação anual. O retorno sob patrimônio líquido foi de 12,0% (contra 18,0% no mesmo trimestre do ano anterior).
BRADESCO (BBDC4)
O Bradesco é um banco múltiplo presente em todos os municípios brasileiros, com valor de mercado de mais de R$250 bilhões e uma carteira de crédito expandida de R$550 bilhões. Além disso, é dono da Bradesco Seguros, maior grupo segurador do Brasil com 25% de participação em prêmios emitidos.
A margem financeira do banco apresentou um crescimento de 3,5% entre o 3T19 e 3T20, passando para R$ 15,3 bilhões. O grande destaque negativo ficou ainda com o aumento, de 67,5% entre os trimestres, da PDD Expandida. Entretanto, cabe destacar que a PDD foi 37,1% menor em relação ao 2T20. Com isto, o resultado bruto da intermediação financeira fechou com queda de 15,2% na comparação entre 3T20 e 3T19.
A carteira de crédito expandida avançou 11,7% anualmente, passando para R$ 664,4 bilhões. O crescimento ocorreu em todos os segmentos de crédito, com destaque para 21,8% de financiamento imobiliário para pessoas físicas e 16,3% de crédito para micro, pequenas e médias empresas.
O lucro finalizou em pouco mais de R$ 5,0 bilhões, sofrendo queda de 23,1% na comparação anual. O retorno sob patrimônio líquido foi de 15,2 (contra 20,2% no mesmo trimestre do ano anterior).
SANTANDER (SANB11)
Maior banco estrangeiro atuando no Brasil e terceiro maior banco privado do país, o Santander tem foco no varejo e forte interação com o Banco de Atacado. É parte do Grupo Santander, com sede na Espanha, e contribuiu no primeiro trimestre de 2018 com 27% dos resultados globais do grupo.
A margem financeira do banco apresentou uma retração de 8,7% entre o 2T20 e 3T20, passando para R$ 12,4 bilhões, que pode ser atribuído aos menores ganhos de margem e também a redução da margem clientes, afetada por spread, mix, e menores ganhos de receita de capital.
A carteira de crédito avançou carca de 4,0% na comparação com o segundo trimestre, passando para R$ 397,4 bilhões. Destaque novamente para o crescimento das linhas de pequenas e médias empresas, registrando um acréscimo de 14,6% na comparação entre 2T20 e 3T20. A carteira de crédito ampliada (incluindo debêntures, FIDC, CRI,...) finalizou o segundo trimestre deste ano com R$ 491,3 bilhões, representando aumento de 5,3% entre os trimestres citados.
O lucro gerencial finalizou em pouco mais de R$ 3,9 bilhões, com acréscimo de 82,7% na comparação com o 2T20, o que implica em um retorno sob patrimônio líquido de 21,2% (contra 12,0% no segundo trimestre do ano).
BTG PACTUAL (BPAC11)
O Banco BTG Pactual é um banco de investimento e gestor de ativos e fortunas, com posição dominante no Brasil, tendo estabelecido uma bem sucedida plataforma internacional de investimentos e distribuição. O Banco BTG Pactual está organizado nas seguintes áreas de negócios: Investment Banking, Corporate Lending, Sales and Trading, Asset Management, Wealth Management e Participations.
Para o 3T20, a empresa reportou receita total de R$ 2,5 bilhões, com acréscimo de 13,0% em relação ao 3T19. O resultado ficou praticamente em linha com o reportado no 2T20. Destaque novamente para o crescimento do segmento de Corporate Lending, obtido em ambas comparações, e para o ganho de 11% entre 3T19 e 3T20 da principal linha de negócios, de Sales & Trading.
As despesas operacionais se elevaram em 26% na comparação anual, se mantendo próximas ao reportado no 2T20. Dois dos grandes responsáveis pelo aumento anual foram as despesas com bônus e com salários e benefícios.
O lucro finalizou em pouco mais de R$ 1,0 bilhão, praticamente em linha com o reportado na comparação anual. O retorno sob patrimônio líquido foi de 15,7% (contra 20,8% obtido no mesmo trimestre do ano anterior).
BARISUL (BRSR6)
O Banco do Estado do Rio Grande do Sul atua sob a forma de banco múltiplo e opera nas carteiras comercial, de crédito, de financiamento e de investimento, de crédito imobiliário, de desenvolvimento, de arrendamento mercantil e de investimentos, inclusive nas de operações de câmbio, corretagem de títulos e valores mobiliários e administração de cartões de crédito e consórcios.
A margem financeira do banco apresentou queda de 13,6% entre o 3T19 e 3T20, passando para R$ 1,24 bilhão. No comparativo trimestral entre 3T20 e 2T20 também houve redução, de 4,6%, afetada principalmente pela redução na taxa de juros das operações de crédito, em um ambiente de diminuição na taxa do cheque especial, impactada pelas novas regras do Banco Central para o produto, e de queda da Taxa Selic.
A carteira de crédito apresentou uma evolução de 4,6% em relação ao 3T19, atingindo quase R$ 36,3 bilhões no 3T20. Ao compararmos com o 2T20, o crescimento foi menor, de 0,8%. O destaque positivo ficou por conta da linha rural, que registrou crescimento de 25,8% na comparação anual.
O lucro líquido finalizou em pouco mais de R$ 117,8 milhões, sofrendo queda de 59,6% na comparação anual. O retorno sob patrimônio líquido foi de 5,7% (contra 15,3% no mesmo trimestre do ano anterior). O lucro foi afetado principalmente pela redução da margem financeira e pelo maior provisionamento para enfrentamento de possíveis aumentos de inadimplência.
ITAÚ UNIBANCO (ITUB4)
O Itaú é o maior banco privado brasileiro, com uma carteira de crédito de cerca de R$ 850 bilhões. Além da forte presença no país, cerca de 1/4 de sua carteira está distribuída entre outras economias da América Latina, como Chile, Colômbia e Argentina.
A margem financeira do banco apresentou uma retração de 11,2% entre o 3T19 e 3T20, passando para mais de R$ 16,9 bilhões. No comparativo trimestral entre 3T20 e 2T20 também houve redução, de 4,8%. A margem financeira com clientes caiu 5,5% em função da mudança no mix de produtos de varejo, da redução dos juros e da maior participação da carteira de pessoas jurídicas.
A carteira de crédito total com garantias avançou 20,4% anualmente, passando para R$ 847,0 bilhões. Ao compararmos com o 2T20, o crescimento foi de 4,4%. O destaque positivo ficou com o crescimento na divisão empresarial, em especial para as micro, pequenas e médias empresas, que reportou crescimento de 36,9% na comparação anual.
O lucro finalizou em pouco mais de R$ 5,0 bilhões, sofrendo queda de 29,7% na comparação anual. O retorno sob patrimônio líquido foi de 15,7% (contra 23,5% no mesmo trimestre do ano anterior).
BANCO INTER (BIDI4)
Fundado em 1994, o Banco Inter carrega a marca de ter sido o primeiro banco 100% do Brasil a oferecer conta isenta de tarifas, passando de financeira para banco múltiplo com capital aberto na bolsa brasileira. Também, é o único banco brasileiro a oferecer, conjuntamente, serviços completos, gratuitos e digitais.
A margem financeira líquida ajustada do banco alcançou 6,1% no 3T20, com redução de 2,3 p.p. ao comparada com a obtida no 3T19. Destaque para o crescimento de 27,3% das receitas de intermediação financeira bruta, na comparação anual, totalizando R$ 192,0 milhões.
A carteira de crédito ampliada avançou pouco mais de 64,5% anualmente, passando para R$ 7,3 bilhões. Destaque para o crescimento da linha de crédito empresarial, saindo de R$ 593,0 milhões no 3T19 para quase R$ 1,3 bilhão no 3T20.
O Banco finalizou o terceiro trimestre de 2020 com prejuízo líquido contábil de R$ 8,1 milhões, frente ao lucro de R$ 22,8 milhões obtido no mesmo período do ano anterior.
BANCO PAN (BPAN4)
O Banco PAN é um dos principais bancos médios do Brasil e atua com foco em pessoas físicas, ofertando crédito consignado (empréstimo e cartão de crédito), financiamento de veículos, financiamento de motos, cartão de crédito institucional e seguros.
A margem financeira gerencial do banco apresentou um crescimento de 25,0% entre o 3T19 e 3T20, passando para mais de R$ 1,3 bilhão. No entanto, no comparativo trimestral entre 3T20 e 2T20 também houve aumento, de 9,0%. Destaque para os níveis de spread das operações de crédito e por cessão da carteira.
A carteira de crédito expandida avançou 7,0% anualmente, passando para R$ 25,3 bilhões. Ao compararmos com o 2T20, o crescimento foi de 2,0%. Destaque positivo para o crescimento de 49% nos últimos doze meses da carteira de cartão de crédito. Já as carteiras de Crédito Corporativo e Imobiliário apresentaram recuo no mesmo período.
O lucro finalizou em pouco mais de R$ 170 milhões neste 3T20, com crescimento de 26,0% na comparação anual. O retorno sob patrimônio líquido foi de 13,2% (contra 11,9% no mesmo trimestre do ano anterior).
RANKING
Realizamos um estudo comparativo de alguns indicadores dos ativos, o qual é mostrado na tabela abaixo.
NOME | TICKER | DIVIDEND YIELD | P/L | P/VPA | ROE |
ABC BRASIL | ABCB4 | 4,10% | 9,39 | 0,81 | 8,60% |
BRASIL | BBAS3 | 3,75% | 7,34 | 0,94 | 13,78% |
BRADESCO | BBDC4 | 1,00% | 15,49 | 1,80 | 11,68% |
SANTANDER BR | SANB11 | 6,08% | 12,88 | 2,24 | 17,43% |
BTGP BANCO | BPAC11 | 1,27% | 21,40 | 3,32 | 14,29% |
BANRISUL | BRSR6 | 3,76% | 6,46 | 0,69 | 10,68% |
ITAUUNIBANCO | ITUB4 | 4,01% | 16,69 | 2,41 | 12,23% |
BANCO INTER | BIDI4 | 0,22% | 2216,16 | 7,97 | 0,00% |
BANCO PAN | BPAN4 | 3,68% | 18,38 | 2,33 | 12,49% |
QUANTO RENDE?
Os gráficos abaixo apresentam a valorização das ações dos bancos citados, em comparação com a rentabilidade do índice Bovespa, para os últimos 12 meses. Como pode ser observado, a maioria das ações dos bancos citados ainda encontram-se em patamares negativos no acumulado do período. As exceções são SANB11, BPAC11 e BIDI4, com este último atingindo mais de 127% de valorização. O IBOV mantém um ganho de cerca de 2,2% nos últimos 12 meses.
Fonte: Quantum
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