Setor elétrico: Resiliência, Previsibilidade e Dividendos

energia elétrica

Em momentos de crise, há empresas que apresentam respostas diferentes das demais. Nesse quesito, merecem destaque as do setor elétrico, inclusive com a fama de serem mais defensivas e boas pagadoras de dividendos.

Confira uma análise das principais companhias do setor na B3.

SETOR DEFENSIVO

Quem conhece o mercado financeiro, e até mesmo para quem só ouviu falar, sabe que momentos de quedas, com medo e pânico, são comuns ao longo de toda história.

Já aconteceram algumas vezes e, com certeza, irão acontecer novamente, restando saber apenas o motivo, a intensidade e outras variáveis.

Quando tratamos mais especificamente do mercado acionário, vemos empresas que tendem a apresentar maiores e outras menores dificuldades em momentos de crise.

E dentre as empresas que tendem a sofrer os menores impactos, merecem destaque as do setor elétrico, que, como referido acima, já detém a fama de serem mais defensivas e boas pagadoras de dividendos. E há razões para isso…

Uma delas está ligada a maior previsibilidade existente nos resultados dessas companhias, gerada principalmente pela grande regulação que há no setor e pela alta demanda por energia no país.

Outra razão está na boa geração de caixa dessas empresas, que apresentam margens de lucratividade bem elevadas, com menor necessidade de altíssimos investimentos, quando comparado a outros setores econômicos.

Tudo isso acaba refletindo, portanto, em ótimos níveis de dividendos, como veremos mais adiante.

Além disso, diversas companhias do setor anunciaram que ainda vão fazer muita recompra de ações. Ou seja, mesmo que tenhamos mudanças no pagamento de dividendos, esse tipo de empresa não vai perder sua atratividade.

SETOR ELÉTRICO

Até meados da década de 90, o setor elétrico brasileiro era constituído, predominantemente, de empresas estatais que atuavam em todas as atividades que o envolve.

A reestruturação e a privatização do setor tiveram início no primeiro governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-1998), por meio da lei das concessões.

Hoje, existem regras muito bem definidas e há uma grande presença de empresas com alta qualidade de gestão. Claro que também existem riscos, principalmente de ingerência. Porém, atualmente entendemos que a relação risco-retorno é muito atrativa.

Pensando um pouco mais no futuro, o setor elétrico brasileiro caminha para apresentar um crescimento muito significativo nas próximas décadas. Segundo o estudo realizado pelo “Observatório de Mercados de Energia Mundial”, a demanda por energia no Brasil irá registrar uma alta de 60% até 2040.

Por outro lado, uma análise não muito aprofundada da atual matriz energética brasileira indica que há muito o que fazer para suprir esta demanda.

O ano de 2021, por exemplo, ficou marcado pela pior crise hídrica dos últimos 91 anos – e quase 64% de toda nossa geração elétrica é realizada através de hidrelétricas.

Dito isso, com os maciços investimentos que deverão ser realizados nos próximos anos, o setor elétrico tenderá a ganhar ainda mais representatividade no panorama econômico brasileiro.

Falando em bolsa, atualmente as empresas do setor já compõem boa parcela dos principais índices acionários do Brasil. Somente no índice Bovespa, por exemplo, essas companhias representam quase 5% de participação.

Com o setor em destaque, vamos conferir com mais detalhes como funcionam as atuações específicas de cada empresa. De forma geral, as companhias elétricas podem ser classificadas em três grandes segmentos: distribuição, transmissão e geração de energia.

A imagem abaixo traduz um pouco das características desses segmentos, além dos ambientes de comercialização de energia. Em seguida, detalharemos mais sobre os riscos e benefícios de cada um dos segmentos citados e como podemos aproveitá-los em determinados momentos econômicos, tanto para melhor se proteger, quanto para obter boas rentabilidades.

Fonte: ANACE – Associação Nacional dos Consumidores de Energia

AMBIENTES DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA

Antes de falarmos dos três grandes segmentos, cabe detalharmos como funciona o processo de contratação de energia.

Há dois tipos de ambientes de contratação, como vistos na imagem acima. O primeiro é chamado de “Ambiente de Contratação Regulada”, ou pela simples abreviação de “ACR”.

Também chamado de “Mercado Cativo”, no ACR são realizadas as operações de compra e venda de energia elétrica entre agentes vendedores e agentes de distribuição, precedidas de licitação, ressalvados os casos previstos em lei, conforme regras e procedimentos de comercialização específicos.

O outro ambiente recebe o nome de “Mercado Livre de Energia”, ou “Ambiente de Contratação Livre”, ou simplesmente “ACL”.

Nele se realizam as operações de compra e venda de energia elétrica, objeto de contratos bilaterais livremente negociados, conforme regras e procedimentos de comercialização específicos.

Perceba que a regulamentação é grande. E esse é justamente um dos principais atrativos que enxergamos quando comparamos como outros setores de utilidades públicas.

DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA

O segmento de distribuição está na ponta mais próxima do consumidor. É o estágio final da cadeia de produção elétrica. Por isso, dentre os três segmentos, em momento de crise, este tende a ser o mais afetado.

Geralmente, um dos impactos se deve às reduções (as vezes, até mesmo paralisações) de grande parte das atividades econômicas, principalmente as industriais. Com isto, a demanda de energia elétrica sofre redução em um primeiro momento.

Também há o risco do aumento de inadimplência, que, dependendo da intensidade da crise econômica instaurada, poderá atingir elevados níveis, afetando a geração de caixa das companhias.

Outro ponto de destaque se refere à grande regulamentação as quais essas empresas (do setor elétrico, em geral) estão sujeitas. Medidas impostas pelo Governo Federal podem servir como agravante aos impactos para as distribuidoras, como por exemplo a suspensão do corte de energia para os inadimplentes, descontos nas tarifas de energia e até mesmo adiamento de reajustes de compensação de custos.

Esses e outros fatores acabam por impactar diretamente nos resultados operacionais em um horizonte de curto prazo.

Como exemplos de empresas listadas desse segmento, há a Neoenergia (NEOE3) e a Copel (CPLE6).

Nos últimos doze meses, as ações de NEOE3 apresentam queda de 7,9%, enquanto CPLE6 marcou praticamente 35% positivos de retorno. Como comparação, o IBOV finalizou este período com uma valorização de 2,5%.

O desempenho dessas ações e do índice ao longo do ano pode ser observado no gráfico abaixo:

Fonte: Tradingview

TRANSMISSÃO DE ENERGIA

O segmento de transmissão funciona como o elo entre a geração e a distribuição de energia. Toda eletricidade gerada é transmitida aos distribuidores pelas empresas do segmento de transmissão. E este é o segmento que tende a sofrer os menores efeitos em uma eventual crise.

Isto porque grande parte do faturamento das companhias vem do Governo Federal, fazendo com que suas receitas tenham maior previsibilidade. Também, vale ressaltar que as receitas não dependem da demanda por energia elétrica do consumidor.

Outro ponto importante se refere à baixa necessidade de grandes investimentos, fazendo com que essas empresas possuam, de forma geral, baixos níveis de endividamento. E, quanto menor for a alavancagem, maior é a capacidade de distribuição de dividendos.

Dois exemplos de empresas do segmento de transmissão de energia são: Taesa (TAEE11) e ISA CTEEP (TRPL4). Nos últimos doze meses, as units de TAEE11 se desvalorizaram 0,5%, enquanto TRPL4 registrou baixa de 6,6% neste mesmo período.

O desempenho dessas ações e do índice ao longo do ano pode ser observado no gráfico abaixo:

Fonte: Tradingview

GERAÇÃO DE ENERGIA

Como dito, dada a matriz energética brasileira, grande parte da potência produzida por essas companhias advém de hidrelétricas. Mas também, existe a utilização de termelétricas, parques eólicos e, mais recentemente e em aplicação crescente, a geração por meio de placas solares.

Dentre os três segmentos do setor elétrico, o de geração de energia tende a sofrer impactos intermediários entre os outros dois (distribuição e transmissão). Isso porque essas empresas possuem contratos pré-definidos de demanda de energia para as distribuidoras.

Atrelado a isso, as companhias de geração já contam com certos instrumentos de proteção contra períodos de maiores dificuldades, como no caso de escassez de água para as hidrelétricas, por exemplo.

Como exemplos de empresas listadas em bolsa desse segmento há a Eletrobrás (ELET3) e a Engie (EGIE3). Nos últimos doze meses, ELET3 rentabilizou praticamente 24%, enquanto EGIE3 se valorizou cerca de 4,7%.

Vale ressaltar, no entanto, que várias das empresas citadas possuem atividades juntamente nos três segmentos.

O desempenho dessas ações e do índice ao longo do ano pode ser observado no gráfico abaixo:

Fonte: Tradingview

BOAS PAGADORAS DE DIVIDENDOS

Para justificar a “fama” de boas pagadoras de dividendos, separamos o gráfico abaixo, que apresenta o dividend yield dos últimos doze meses das empresas do setor elétrico listadas no Índice Bovespa, em comparação com o yield médio do próprio IBOV:

Fonte: RI das Empresas

O gráfico nos mostra que, das seis companhias, cinco delas detém um dividend yield superior ao médio do índice, indicando a boa distribuição de proventos.

E PARA 2023?

O cenário para o setor não somente se mantém favorável para o longo prazo, como também para o atual ano de 2023, em nossa visão.

Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o reajuste médio da tarifa de energia elétrica para os consumidores residenciais em 2022 foi de 11,35%.

A Aneel também prevê que a tarifa de energia elétrica deve subir 5,6%, em média, em 2023. Ou seja, a receita dessas companhias, que já é estável, deve ser turbinada por essas altas.

FAZ SENTIDO COMPRAR AS AÇÕES DO SETOR ELÉTRICO?

Como visto, as companhias do setor elétrico podem ser consideradas como fundamentais na montagem de diversas carteiras de investimentos.

E, com a elevação da demanda por energia e a mudança cada vez mais necessária na matriz energética brasileira, o setor como um todo tende a ganhar em níveis de inovação e competitividade para o futuro, favorecendo a geração de caixa das empresas e fortalecendo os lucros de seus acionistas.

Dessa forma, as empresas do setor são “figurinhas carimbadas” em uma boa Carteira de Dividendos. Inclusive, a nossa Carteira Dividendos+, que vem tendo um desempenho fantástico desde o seu início, possui algumas ações do setor em sua composição.

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Ranking: As 5 maiores barganhas da bolsa no setor elétrico

trabalhadorenergia

Provavelmente, você já ouviu falar bastante na importância do setor elétrico em termos de investimento, certo? Mas quais serão as barganhas da bolsa nesse segmento?

Comprar ações com cotações justas e preços em conta pode fazer toda a diferença em sua estratégia de ganhar dinheiro na bolsa de valores, no entanto, faz-se necessário observar bem as oportunidades que aparecem ao longo do tempo.

Sendo assim, preparamos um material riquíssimo sobre o setor elétrico, as empresas que valem a pena e como as nossas recomendações podem te ajudar. Confira!

Afinal, como é o setor elétrico?

Sob a batuta da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o setor elétrico é, basicamente, subdividido em 3 grupos: geração, transmissão e distribuição de energia.

A energia proveniente de termoelétricas, hidroelétricas, usinas nucleares, eólicas e solares é transmitida por meio de torres e postes e vendida pelas distribuidoras. Sem sombra de dúvidas, podemos observar que é um dos segmentos mais coesos da bolsa, tendo diversas empresas que melhoraram bastante em termos operacionais.

Entre as vantagens de investir nesse setor, temos a robusta política de inovação para melhorar a confiabilidade dos serviços, bem como preservar o meio ambiente. Além disso, costumam ser empresas que resistem bem às crises, demonstram ter poucas oscilações nos preços dos ativos e pagam generosos dividendos.

Quais são as barganhas da bolsa nesse setor?

Para investir de forma estratégica, devemos observar as possibilidades que o mercado financeiro oferece, bem como os serviços e novidades acerca das empresas. Pensando nisso, preparamos abaixo uma lista de 5 ações que são verdadeiras barganhas da bolsa por conta do índice de preço sobre valor patrimonial (P/VP).

CELESC (CLSC4) | P/VP = 0,72

A CELESC, abreviação para Centrais Elétricas de Santa Catarina, é a maior empresa de distribuição de energia no Estado de Catarinense, atendendo mais de 280 municípios. Além do segmento de distribuição, a companhia também atua na geração e transmissão de eletricidade, através de 12 usinas hidrelétricas, com capacidade de mais de 126 MW. No segmento de transmissão, a CELESC possui participação societária na EDP Transmissão Aliança SC, contendo 5 trechos e uma subestação.

O atual índice P/VP da empresa é de apenas 0,72, o que classifica a CELESC como uma das principais barganhas do setor elétrico no momento.

EDP ENERGIAS DO BRASIL (ENBR3) | P/VP = 1,04

A EDP Energias é composta por 1 usina termelétrica a carvão e 6 usinas hidrelétricas, uma empresa integrada e controlada pela companhia Energias de Portugal. Além disso, uma das marcas da EDP é o compromisso em proporcionar energia renovável para seus clientes, especialmente por meio de painéis solares. A companhia já distribuiu mais 26 mil Gwh e comercializou mais de 14 mil Gwh de energia, cujos prazos de alguns de seus lotes de transmissão vão até 2047.

Vale a pena ressaltar, que ENBR3 tem uma ótima política de pagamento de dividendos, uma vez que a empresa pretende distribuir, no mínimo, R$1,00 por ação.

COPEL (CPLE3) | P/VP = 0,79

Quando se trata da paranaense Copel, que gera, transmite, distribui e comercializa energia elétrica, o P/VP observado é de 0,79, portanto, uma bagatela. É uma das maiores do setor elétrico e atende, diretamente, 4,9 milhões de unidades consumidoras em 395 municípios do Paraná, cujo parque gerador tem 49 usinas. A tese em cima desse ativo se assemelha à reestruturação da Cemig, isto é, a Copel atuou firme na venda de ativos e tem muitos investimentos ainda para fazer.

Melhorou a alavancagem financeira no curto prazo, reduziu custos e, por consequência do bom trabalho, vem aumentando a receita operacional.

ISA CTEEP (TRPL4) | P/VP = 1,03

ISA Cteep é tida como a maior em transmissão de energia elétrica do Brasil, responsável por quase 1/3 da energia gerada no país. Para se ter uma ideia ainda melhor da importância dela no cenário nacional, aproximadamente 94% da energia do estado de SP é transmitida pela companhia. Além disso, essa gigante tem mais de 19 mil km de linhas de transmissão e 126 subestações mantidas em 17 estados da federação, fora o que ainda está em construção.

Apesar de ter um payout mínimo de 75% do lucro líquido e ser uma boa pagadora de dividendos, com o fim da rede básica do sistema existente até 2025, o yield pode cair.

ALUPAR (ALUP11) | P/VP = 1,09

Com uma alavancagem controlada e forte geração de caixa, a Alupar também é outra empresa que apresenta uma gestão fantástica e um P/VP de 1,09 apenas. Ela é uma holding que atua em segmentos de geração e transmissão de energia elétrica, controlando empresas no Brasil, Colômbia e Peru. A companhia dispõe da concessão de 30 sistemas de transmissão, que correspondem a 7,9 mil km de extensão, cujo prazo é de 30 anos de contrato.

Tendo instalações novas e modernas à disposição, a eficiência operacional e os níveis de disponibilidade são elevados, proporcionando menores gastos com manutenção.

Conclusão

Como visto ao longo do texto, o P/VP pode ser um importante aliado na busca por barganhas na bolsa de valores. Entretanto, novamente salientamos: não se deve, em hipótese alguma, utilizar somente indicadores na análise de investimentos, tampouco utilizar apenas um indicador isoladamente.

Atualmente, temos algumas ações consideradas “barganhas” em todas as nossas Carteiras de Ações de Longo Prazo. Porém, a que possui um maior número de companhias “baratas” e boas pagadoras de proventos, é a nossa Carteira Dividendos+.

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